A hotelaria potiguar deve fechar janeiro com uma taxa de ocupação em torno de 80%. O percentual é 20% menor que o esperado para a época e preocupa desde bugueiros a donos de hotel. O número de passeios caiu pela metade e ainda é possível fechar reservas em boa parte dos hotéis. O cenário preocupa, segundo George Costa, proprietário de uma empresa de receptivo. O ideal é que a taxa de ocupação fique em torno de 100% na alta estação. Em janeiro de 2010, um dos melhores anos para a economia brasileira depois da crise de 2008, por exemplo, a taxa oscilou entre 90% e 95%. Para avaliar a procura dos visitantes por Natal, a equipe da TN falou com 14 hotéis localizados na Via Costeira e em Ponta Negra. Em nove deles (64,2%), era possível fechar reserva de um apartamento por cinco dias na próxima semana.
"Ainda há apartamentos disponíveis para o mês inteiro", confirmou Sandra Medeiros, gerente comercial de um dos hotéis localizados na Via Costeira. Segundo ela, a taxa de ocupação no hotel chegará a 80%, número estimado pela unidade potiguar da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH/RN), 'com muito esforço'. "Começamos 2012 com muitos apartamentos disponíveis. Os que não estão livres serão desocupados a partir do dia 15. Nos anos anteriores, eles eram desocupados só após o dia 28".
O cenário, segundo ela, é bem diferente do encontrado em 2010. "Neste período, os apartamentos já estavam todos ocupados", compara. Uma ocupação abaixo do esperado repercute na cadeia do turismo como um todo, ressalta Sandra. "É ruim para o hotel, para o bugueiro, para o ambulante, para o taxista". Dimas Duarte concorda. Ele é bugueiro há quase 20 anos e afirma que os passeios de buggy caíram pela metade já no ano passado. "Tem gente que não faz mais nenhum passeio", afirma.
Mas nem tudo está perdido. A tendência é que a procura aumente a partir da segunda quinzena de janeiro, segundo Habib Chalita, presidente da ABIH/RN. "Mas só teremos esta informação no fim do mês, quando fecharmos o balanço", pondera. Embora a expectativa seja de alta na segunda quinzena, a taxa de ocupação pode cair ainda mais este mês. "É preciso considerar que o número de quartos está aumentando na cidade", afirma.
Para George Costa, o fato de a ocupação da rede hoteleira não atingir 90% na alta estação é preocupante. "Se não ocuparmos os hotéis em janeiro, período que os brasileiros mais viajam, não ocuparemos nos outros meses", explica. Segundo ele, a rede hoteleira corre o risco de reduzir o valor da diária e ainda assim ter uma ocupação abaixo da média, não cobrindo nem os próprios custos.
Hoteis lotam em Fortaleza e demais cidades turísticas
Ao contrário de Natal, os hoteleiros de Fortaleza só tem motivos para comemorar neste início de alta temporada. O movimento de turistas foi 5% maior no réveillon deste ano em comparação com o do ano passado. Os hoteleiros atribuem o movimento a uma série de fatores, como as belezas naturais do litoral cearense, a hospitalidade e a divulgação feita em São Paulo, Rio de Janeiro e outros polos emissores. Em dezembro, a ocupação atingiu 96% dos leitos disponíveis em hoteis e pousadas da cidade. A preocupação do "trade" agora é com a greve de policiais e de bombeiros, que pode prejudicar o fluxo de turistas para a capital cearense.
Levantamento divulgado no final do ano passado pela Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), com base nas reservas feitas para o réveillon e primeiros dias de janeiro, as expectativas são de crescimento em quase todos os destinos de verão. Segundo a pesquisa Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza e Búzios figuram entre as cidades mais procurados pelos turistas, com 100% de ocupação, seguidas por Maceió, com 95%, e João Pessoa, com 90%. "Apenas em Natal as estimativas da hotelaria são de queda na movimentação em relação ao ano anterior, com ocupação de 70%", diz o documento.
No Rio de Janeiro, onde são esperados mais de 3 milhões de turistas durante o verão, o setor de hotéis espera uma temporada com ocupação média de 90%, que representa 5% de crescimento em comparação a 2011. Em Salvador, a expectativa de crescimento é de 10%. Em Maceió e João Pessoa são esperadas taxas médias de ocupação de hotelaria de 97% e 95% respectivamente.
Fonte: Tribuna do Norte